A psiquiatria é uma área fascinante. Sua complexidade a levou a percorrer diversos caminhos e a ter vários significados no decorrer do tempo.
Em diversos momentos da história, o cuidado dos transtornos mentais já foi negligenciado e menosprezado. Em outros, a psiquiatria passou a ser taxativa, a categorizar e a rotular pessoas, gerando o isolamento de quem possuía algum sofrimento mental grave ou apenas ignorando a existência dos transtornos "não graves".
Caminhando de um extremo a outro, as tendências atuais colocam a psiquiatria em evidência e, como é comum ocorrer com os extremos, os excessos também podem trazer riscos e prejuízos às pessoas.
O primeiro ponto para atuar na psiquiatria de maneira adequada é o comprometimento.
Se comprometer é se dedicar, buscar ser cada vez melhor e fazer o melhor para quem nos busca. Com esse objetivo, dentro da saúde mental é preciso ter a delicadeza de associar o entendimento do indivíduo enquanto ser humano ao conhecimento técnico.
"Ser humano" pode ser confuso ao envolver o pertencimento a um grupo pelas semelhanças que nos aproximam, mas, ao mesmo tempo, serem nítidas as singularidades de cada história de vida, de cada experiência, de cada organismo em termos biológicos.
Tentar entender um ser humano, mesmo que parcialmente, demanda uma bagagem que inclui conhecimentos em termos de sociedade, cultura, experiências de vida e, por fim, conseguir unir tudo isso aos conhecimentos científicos.
Não é tarefa simples atuar em psiquiatria. O comprometimento deve ser real. São horas, dias, meses e anos de muito estudo e treinamento. Ser psiquiatra é um processo. Estamos sempre evoluindo e aprendendo com nossos pacientes.
Os caminhos atuais que tento percorrer com a psiquiatria são vias de mão dupla. A entrega e a confiança são as bases para uma psiquiatria que busca agregar equilíbrio e todos os seus benefícios à vida das pessoas.
Isabela Garajau.